Foto: Molly Jacobs James e sua amiga Lisa D’Archangelo, com seus bebês. (Cortesia: Molly Jacob James)
Teria sobrevivido se não tivesse cruzado esta rua?
Esse pensamento vem à minha mente com frequência, agora que estou em recuperação de um escuro ano e meio de depressão, que começou na gravidez e continuou depois do nascimento do meu filho.
Quando meu bebê tinha 5 semanas de idade, meu marido e eu tivemos um encontro casual quando estávamos dando um passeio. Cruzamos uma rua até outro bairro e nos encontramos com um casal com um bebê de aproximadamente a mesma idade que nosso filho. Enquanto brincávamos uma com a outra, nos demos conta de que as duas tínhamos dado à luz no mesmo hospital, que havíamos tido cesárea e que éramos pacientes da mesma equipe de obstetrícia. Com todas essas coincidências, decidimos nos encontrar para passear enquanto estivéssemos de licença-maternidade.
No entanto, não foi até 4 meses depois quando nos demos conta de que ambas estávamos lutando contra a depressão.
No nosso primeiro passeio, a conversa fluiu facilmente quando falamos de nossas experiências com nossos bebês em termos genéricos e superficiais. Decidimos que continuaríamos saindo juntas para caminhar a cada dois dias. Com o tempo, nossa amizade foi ficando mais íntima. Nos demos conta de que nossa visão da vida, interesses e hobbies eram muito similares. No entanto, não foi até 4 meses depois quando nos demos conta de que ambas estávamos lutando contra a depressão.
Assim é o mundo sombrio da depressão perinatal.
A depressão perinatal abarca a depressão tanto pré-natal como do pós-parto. Nem sequer era plenamente consciente do que era, e como não tinha um histórico de depressão, não pensei que poderia acontecer comigo.
Me diagnosticaram com depressão pré-natal. Durante a gravidez estava estressada, trabalhando jornada completa, terminando meu mestrado pela noite e constantemente exausta. Finalmente, quando as coisas ficaram difíceis, comecei a ver um terapeuta. A terapia foi interrompida pelo nascimento do meu filho. Eu me sentia consumida e abrumada, e a pura logística de sair de casa com ou sem meu filho fizeram que as sessões de terapia parecessem impossíveis.
Estava aterrorizada de estar sozinha com meu filho, temerosa de que pudesse machucá-lo acidentalmente.
O pânico e a ansiedade pioraram. Estava aterrorizada de estar sozinha com meu filho, temerosa de que pudesse machucá-lo acidentalmente. Não queria ter ninguém em nossa casa, exceto minha mãe e meu marido.
Sem saber que minha depressão pré-natal se havia convertido em depressão pós-parto, segui adiante. Assumi que os sentimentos de fatiga, ansiedade, pânico e desespero se deviam ao ajuste que supõe adaptar-se à nova situação de mãe de um recém-nascido.
Rapidamente aprendi que a depressão pós-parto não tratada piora. Eu estava enjoada o tempo todo e tinha dificuldades de conectar-me com meu filho. Um dia, em nosso passeio, minha amiga me perguntou como estava. Desesperada, disse a verdade. Meses de desespero e desesperança saíram da minha boca quando lhe disse o fácil que seria simplesmente terminar com tudo.
Não posso explicar o sentimento de alívio ao descobrir que havia alguém que entendia o que eu estava passando. Nos convertemos uma na corda salva-vidas da outra.
Estivemos de acordo em que eu necessitava ver meu terapeuta de novo, e depois, com a voz pausada, ela mencionou que também estava lidando com intensos sentimentos de desesperança. Falou de como se sentia culpada porque supostamente era um momento tão feliz, mas estava constantemente cheia de ansiedade e medo diante da ideia de estar sozinha com seu filho. Não posso explicar o sentimento de alívio ao descobrir que havia alguém que entendia o que eu estava passando. Nos convertemos uma na corda salva-vidas da outra.
Olhando para trás, é incrível o poderoso que é um sistema de apoio. No pior desses dias, se chamasse minha amiga era como se aparecesse um raio de sol. Ter essa corda de resgate pode te dar a força para passar só um dia mais. Meu corpo fatigado diria a meu cérebro que ficasse na cama e cancelasse a caminhada para esse dia. Com um esforço atroz, lutando contra a bioquímica depressiva do meu corpo, me empurrava a sair de casa.
Uma vez eliminadas todas as barreiras, compartilhamos os detalhes mais íntimos sobre como nos sentíamos. Me ligava quando se sentia como se estivesse desgarrando. Outras vezes, quando eu me sentia no limite, falávamos dos meus pensamentos tabus de autoflagelamento. Lhe disse que minhas fantasias sobre o final de minha vida eram cada vez mais reais.
Éramos a caixa de ressonância uma da outra. Dividimos informação sobre o sistema de saúde mental e nos demos conselhos sobre quem ver e como lidar com o complexo mundo dos seguros médicos. O mais importante, esses passeios nos mantiveram a cada uma caminhando com um pé diante do outro.
Não podia lembrar como era sentir-se feliz.
Me apoiei nela quando me inteirei de que quando tomamos antidepressivos, existe um período de várias semanas enquanto esperamos que o medicamento entre em ação. A espera parecia interminável, e era difícil imaginar que as coisas melhorariam, inclusive quando os amigos e os médicos diziam que era possível. Não podia lembrar como era sentir-se feliz.
O pior de tudo é que não podia conectar com meu bebê em absoluto, fazendo com que tudo parecesse um erro terrível, que não tinha volta atrás. Essa profunda sensação de desesperança é o que fez que o suicídio parecesse a única saída. Senti alívio quando sonhei desperta como poderia terminar este novo inferno chamado maternidade acabando com minha própria vida.
Porém, minha salva-vidas e eu nos mantínhamos afastadas do precipício. Até os dias de hoje, sei que lhe devo minha vida. Pudemos sair da escuridão com a ajuda de bons médicos, terapeutas e psiquiatras que prescreveram programas de tratamento que finalmente funcionaram.
Sou capaz de deleitar-me com a beleza do sol de primavera. Sou capaz de disfrutar de nossas manhãs lentas: meu marido, eu e nosso filho na cama
Ainda estou em recuperação. Sou uma mamãe muito mais feliz de um super vivo bebê de oito meses. Tenho energia para segurá-lo, amamentá-lo e abraçá-lo. Sou capaz de deleitar-me com a beleza do sol de primavera. Sou capaz de disfrutar de nossas manhãs lentas: meu marido, eu e nosso filho na cama, vendo nosso filho explorar suas mãos e pés. Ainda luto para deixar atrás definitivamente o trauma e a escuridão da depressão. Por difícil que possa ser imaginar, o amor pelo meu filho continua sendo um processo em evolução. Mas cada dia, mais e mais, esse poderoso sentimento vai tomando força. Meu bebê está se convertendo em minha luz.
Devo esse incrível giro dos acontecimentos ao trabalho duro, à busca quase agressiva do tratamento correto e, provavelmente, sobretudo à minha salva-vidas.
Molly Jacob James
Molly James vive com seu marido e filho em Arlington, VA. Como parte de sua recuperação da depressão pré-natal e do pós-parto, escreve em seu blog www.postpartumworld.com no seu tempo livre
Traduzido do artigo:
I was suicidal after my first child’s birth — until an unexpected friendship saved me