Foto por Wendy Wei
As mulheres que amamentam seus filhos por mais tempo exibem maior sensibilidade materna muito além da primeira infância.
Isso revelou uma pesquisa longitudinal de 10 anos publicada pela Associação Americana de Psicologia. Os resultados se mantiveram inclusive depois de ter em conta a neurose materna, as atitudes dos pais, a origem étnica, a educação da mãe e a presença de um casal romântico. As descobertas foram publicadas na revista Developmental Psychology.
“Nos surpreendeu que a duração do aleitamento predissesse mudanças permanentes na sensibilidade materna”, disse a autora principal da pesquisa, Jennifer Weaver, PhD, de Boise State University. “Fizemos uma pesquisa prévia que sugeria um vínculo entre o aleitamento materno e a sensibilidade materna precoce, mas nada indicava que continuaríamos vendo os efeitos do aleitamento materno significativamente além do período em que o aleitamento havia terminado”.
A sensibilidade materna se definiu como a sincronia na resposta da mãe ao seu filho/a, sua capacidade para interpretar seus sinais, seu tono emocional e sua flexibilidade em seu comportamento.
Mesmo que o aumento na duração do aleitamento materno tenha produzido maior sensibilidade materna ao longo do tempo, a intensidade do efeito foi pequena, segundo o estudo. Isso significa que a estreita interação que se experimenta durante o aleitamento materno pode ser só uma das muitas formas em que o vínculo se fortalece entre a mãe e o bebê, segundo Weaver.
Os pesquisadores analisaram os dados das entrevistas com 1.272 famílias que participaram no Estudo do Cuidado Infantil Precoce do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, recrutadas em 10 lugares dos EUA. Em 1991, quando seus bebês tinham 1 mês de idade, as mães completaram uma entrevista domiciliar e passaram a formar parte da amostra inicial da pesquisa. A amostra incluía uma proporção substancial de pais com menor nível de educação (30% não tinha educação universitária) e famílias de minorias étnicas (13% eram afro americanos).
As mulheres na pesquisa amamentaram durante uma média de 17 semanas. Menos de 1% amamentou durante 24 meses e 29% não amamentou nada. Os pesquisadores entrevistaram e gravaram em vídeo as famílias em seus lares periodicamente até que o filho cumpriu 11 anos.
Os pesquisadores qualificaram a qualidade da interação colaborativa, como o nível de apoio da mãe, o respeito pela autonomia do seu filho e os níveis de hostilidade.
Como parte do estudo, os pais interatuaram com seus filhos em cenários de brincadeira livre e em tarefas de resolução de problemas apropriadas para a idade. Por exemplo, na visita de 6 meses, os pais e os bebês brincaram com um set de brinquedos e, quando as crianças tinham 4 anos, completaram um labirinto juntos. Quando as crianças estavam no 5º ano, as mães conversavam com seus filhos sobre um possível desacordo e trabalharam com seus filhos para construir uma torre com palitos de dente. Os pesquisadores qualificaram a qualidade da interação colaborativa, como o nível de apoio da mãe, o respeito pela autonomia do seu filho e os níveis de hostilidade.
Quando os pais participaram nas entrevistas domiciliares, não houve correlação entre a duração do aleitamento materno e a sensibilidade dos homens com seus filhos. A pesquisa não pretende desvalorizar as experiências de vinculação das mulheres que não podem amamentar, disse Weaver. “Em última instância, espero que vejamos o aleitamento materno mais enfaticamente como um fator parental, não só como uma consideração de saúde, para nos permitir entender melhor o papel que desempenha o aleitamento materno na vida familiar”.
Publicado na American Psychological Association
Referência
Jennifer M. Weaver, PhD et al. Breastfeeding Duration Predicts Greater Maternal Sensitivity Over the Next Decade. Developmental Psychology, October 2017 DOI: 10.1037/dev0000425