Cuidar antes de curar. Existem muitas razões para favorecer na medida do possível um parto com o mínimo de intervenções médicas. Como diz a OMS, dar à luz é algo mais que ter um bebê vivo, também é necessário favorecer uma experiência positiva de parto. E a verdade é que muitas mães experimentam no pós-parto muitos problemas físicos que poderiam ter sido evitados, e dificuldades no aleitamento consequência do parto e da falta de apoio. Ambos fatores, por sua vez, impactam na saúde mental materna no pós-parto, segundo demonstra este estudo.
Este estudo teve como objetivo investigar prospectivamente a contribuição da saúde física materna e/ou dos problemas no aleitamento materno para o estado de ânimo materno (depressão, ansiedade, fadiga, irritabilidade, confusão…) nas 8 semanas após o parto. As participantes foram recrutadas durante a gravidez em hospital público e uma maternidade privada em Melbourne, Austrália. Foram escolhidas mulheres grávidas nulíparas (N = 229), maiores de 18 anos de idade, com mais de 36 semanas de gestação e com suficiente nível de inglês. Os dados foram recopilados mediante um questionário pessoal (durante a gravidez e entre as semanas 1 a 4 depois do parto) e uma entrevista telefônica oito semanas depois do parto).
Considerou-se uma alta carga de problemas físicos a presença de três ou mais problemas de saúde (dor por cesárea/perineal, dor nas costas, prisão de ventre, hemorroidas, incontinência urinária e intestinal) por dois ou mais unidades de tempo. Considerou-se uma grande carga de problemas de lactação materna ter 2 ou mais problemas (mastites, dor no mamilo, excesso ou insuficiência de leite) por 2 ou mais unidades de tempo.
Investigou-se a relação entre o estado de ânimo materno e uma alta carga de problemas de lactação materna e/ou problemas de saúde física.
46 mulheres (20,1%) tinham uma grande carga de sintomas físicos, 44 (19,2%) apenas tinham uma alta carga de problemas de lactação materna e 25 mulheres(11%) tinham ambas.
Uma alta carga de problemas de lactação sozinhos ou com problemas físicos co-mórbidos se associou significativamente com um estado de ânimo materno mais deficiente na 8ª semana.
O tratamento pós-natal cedo e efetivo da saúde materna e os problemas de lactação materna poderiam reduzir o risco das mulheres de apresentar problemas de saúde mental no pós-parto.
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