Por Máximo Peña, psicólogo e jornalista.
Você não pensa em estar presente no parto da sua mulher?
É quase uma reprovação aos que não estão presentes. No ocidente, a partir do último quarto do século passado, se estabeleceu a prática de que os homens acompanhem a mulher durante o parto. Como nos mostra o obstetra Michel Odent, essa mudança de costumes foi a continuação de outro fato fundamental: o traslado dos partos aos hospitais e a solidão da mulher, parindo rodeada de pessoas desconhecidas em um ambiente às vezes tão inóspito.
Algo já sabemos sobre a psicologia da mulher que dá à luz, sobre como é influenciada física e psiquicamente pelo entorno, pelas intervenções ou a presença e estado de ânimo das pessoas presentes. Mas pouco sabemos sobre o papel do pai no parto, sobre seus medos e preocupações, sobre o efeito que pode ter sobre ele presenciar um parto, ou sobre se os homens – tão acostumados a resolver problemas – são preparados para ver a dor de sua mulher e acompanhar sem julgar nem intervir mais do que lhes é pedido. Também não sabemos como pode afetar a presença do homem no parto no vínculo do relacionamento, incluindo a sexualidade, ou no vínculo com seu bebê.
Tampouco está claro o papel que devem desempenhar os pais em um quarto de parto nem os efeitos que sua presença possa ter sobre o desenvolvimento do parto. Assumiram que os pais devem estar presentes, mas alguns – no fundo – não desejam. Também existem casos nos quais a mulher prefere estar acompanhada por outra mulher que já pariu. Outras, no entanto, nem se planteiam dar à luz acompanhadas por ninguém que não seja seu companheiro.
A questão é: substituímos algumas regras fixas por outras, ou realmente damos espaço para que cada casal possa decidir livremente? Alguns homens se sentem pressionados para estarem presentes na sala de parto mesmo sem desejarem? É necessariamente o companheiro a pessoa mais indicada para acompanhar a mulher no parto? Que efeito pode ter sobre o desenvolvimento do parto que a relação de casal não seja boa ou existam conflitos não resolvidos?
Máximo Peña é jornalista e psicólogo, especialista em intervenção psicoterapêutica e mindfulness, autor do blog psicologiaparatodos.org.